Brenda está detida desde o dia 4 de setembro. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
A Justiça encontrou mensagens no celular de Brenda Uliarte em que ela admite ter organizado o atentado contra a vice-presidente argentina Cristina Kirchner, no dia 1º, de acordo com informações do jornal La Nación. A publicação conversou com fontes que têm acesso ao caso e que viram a troca de mensagens entre Brenda, que dizia querer ser a “libertadora da Argentina”, e sua amiga Agustina Díaz, também detida desde segunda (12).
Há dezenas de trechos em que Brenda afirma a amiga que enviou “um cara para matar” — referindo-se ao namorado, o brasileiro Fernando Sabag Montiel — a vice-presidente, a quem ela chama de “cadela velha”.
Em uma dessas trocas de mensagens, anteriores ao atentado, Brenda declara estar preocupada com os seguranças da vice-presidente, embora afirme estar disposta a prosseguir com o plano de assassiná-la. “Estou montando um grupo para ir com tochas, bombas, armas e tudo. Serei a libertadora da Argentina. Eu estava praticando tiro, eu sei como usar uma arma”, escreve.
As duas também se comunicaram um dia após o atentado: “O que aconteceu que o tiro falhou? Não praticou antes ou a adrenalina do momento falhou? Onde está você? Não seria conveniente para você ir para casa?”, pergunta Agustina. “Você tem que se livrar do celular. E mude o número. Exclua sua conta, tudo”, continuou.
Vários trechos dessa conversa não puderam ser recuperados pois as mensagens foram apagadas antes do celular ser apreendido.
Brenda e a amiga se conheceram enquanto cursavam o ensino médio em uma escola em San Miguel, na capital. Agustina, de 21 anos, foi presa após investigadores acessarem as mensagens no celular de Brenda. A detida está listada no celular da amiga como “amor da minha vida”. Ela teria ainda a ajudado a namorada do brasileiro a ocultar sua participação no crime.
Outra conversa divulgada pelo jornal ocorreu no dia 27 de agosto, quando foram relatados incidentes na casa de Cristina Kirchner entre manifestantes pró-governo e a polícia. Segundo a investigação, o casal teria planejado cometer o magnicídio nesse dia, mas o plano teve de ser abortado.
Na ocasião, câmeras de segurança mostram o brasileiro nos arredores do prédio de Cristina, ponto de encontro para os kirchneristas que ficou ainda mais movimentado após o Ministério Público pedir 12 anos de prisão para a vice, em 22 de agosto.
Após a tentativa frustrada, Brenda, então, escreveu para a amiga, revoltada com os manifestantes na Praça de Maio, em Buenos Aires: “Eles falam e não fazem nada. Eu irei fazer. (…) A filha da puta entrou antes de darem um tiro nela”.
Agustina pergunta: “O que aconteceu? O que eu perdi?”.
Brenda responde: “Mandei matar Cristina. Não deu certo porque ela entrou. Eu juro que senti raiva”.
Agustina então questiona quanto cobraram para atirar na vice-presidente e Brenda responde: “Não me cobrou porque também está muito animada com o que está acontecendo. Eu juro que essa eu vou matar. Estou exausta que ela roube e fique impune”.
Nesse momento, Agustina alerta para as consequências de um atentado: “Você percebe a confusão em que vai se meter, certo? Eles vão te procurar em todos os lugares se descobrirem que você é cúmplice da morte da vice-presidente”.
Em resposta, Brenda justifica que foi por esse motivo que mandou alguém assassiná-la em seu lugar. “Se acontecer, vou para outro país e até mudo de identidade. Eu tenho isso bem pensado”, acrescentou.
Agustina insiste que a amiga será procurada pela polícia, e ela responde: “Tenho algum dinheiro, conhecidos. Vou embora, mas primeiro quero fazer algo pelo país”.
Brenda está detida desde o dia 4 de setembro, suspeita de ter participado do plano para matar a vice-presidente juntamente com Sabag Montiel, seu namorado, que deu dois tiros à queima-roupa contra Cristina — embora a arma tenha falhado.
O brasileiro, que tem mãe argentina e mora no país desde criança, foi preso em flagrante, nos segundos após seus disparos fracassados contra Kirchner. Uliarte foi detida três dias depois e negava até o início da semana passada qualquer envolvimento com o incidente — dizia que apenas acompanhava o namorado e que o ataque era uma “aberração”.
As acusações de tentativa de assassinato contra Brenda e o namorado foram formalmente confirmadas no dia 8, com a Justiça afirmando que o casal teria atuado “de forma planejada e de comum acordo”. Desde então, a Justiça tem 10 dias úteis para resolver a situação processual de ambos.
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