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Celulares mostram mensagens de Aras com empresários bolsonaristas


O procurador-geral da República, Augusto Aras


Celulares apreendidos na operação de hoje da PF (Polícia Federal), que cumpriu mandados de busca e apreensão contra empresários bolsonaristas, mostra troca de mensagens entre o procurador-geral da República e que também é procurador-geral-eleitoral, Augusto Aras, com os alvos da operação.


As informações são do site JOTA apuradas com fontes da PF, do MPF (Ministério Público Federal) e do STF (Supremo Tribunal Federal). A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes.


Os empresários bolsonaristas teriam defendido, em um grupo de WhatsApp, um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de outubro de 2022. Essas mensagens foram reveladas pelo colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles.


De acordo com o JOTA, fontes disseram que foram encontradas mensagens com críticas ao trabalho de Moraes nos celulares e também declarações sobre a candidatura à reeleição de Bolsonaro.


Apesar de estarem em sigilo, os conteúdos das mensagens já estão sendo conversados entre os ministros do Supremo, segundo o veículo. Nesta tarde, a PGR disse em nota que Moraes autorizou a busca e apreensão contra os empresários, mas não intimou a procuradoria-geral sobre a decisão.


O gabinete de Moraes negou a afirmação e rebateu às acusações. Ainda segundo o JOTA, o empresário Meyer Nigri, dono da construtora Tecnisa e um dos alvos da operação, é amigo pessoal de Aras e inclusive foi citado no discurso do procurador-geral durante a posse na PGR.


"Não posso deixar de cumprimentar um amigo de todas as horas neste momento em que vivenciamos. E faço uma homenagem especial ao amigo Meyer Nigri, em nome e quem cumprimento toda a comunidade judaica, que comemorou 5.780 anos nos últimos dias", começou Aras.


E continuou: "Ficaria difícil para eu nominar cada amigo. Então peço vênia para, em nome de Meyer Nigri, cumprimentar a todos os presentes, especialmente aos amigos da Bahia aos quais não teria como nominar um a um e a todos os colegas e amigos aqui presentes".


Ao site, assessores de Aras afirmaram que o PGR tem amigos e conhecidos da área empresarial e, em razão disso, há conversas entre eles.


Questionados, eles reiteraram o posicionamento de que Aras não recebeu informações da operação desta manhã e não teria como disponibilizar informações sobre a ação da PF. A assessoria ainda citou que a conversa entre Aras com um dos empresários alvos da investigação são somente mensagens "superficiais".


Questionada pelo UOL, a assessoria do MPF informou apenas que "a única informação que temos sobre o assunto é a que consta da nota de esclarecimento" divulgada mais cedo, em que Aras informou não ter sido intimado sobre a decisão que autorizou buscas contra os empresários bolsonaristas.


A operação de hoje


Segundo apuração do UOL, as medidas contra os empresários foram pedidas pela PF. A operação foi autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes dentro do chamado inquérito das milícias digitais e envolveu 35 policiais federais. As buscas foram feitas em endereços de oito empresários em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. Entre os alvos estão:

  • Luciano Hang, da Havan - dois endereços em Brusque (SC) e um em Balneário Camboriú (SC)

  • José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan - no Rio de Janeiro

  • Ivan Wrobel, da Construtora W3 - no Rio de Janeiro

  • José Koury, do Barra World Shopping - no Rio de Janeiro

  • Luiz André Tissot, do Grupo Sierra - em Gramado (RS)

  • Meyer Nigri, da Tecnisa - em São Paulo

  • Marco Aurélio Raimundo, da Mormaii - em Garopaba (SC)

  • Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu - em Fortaleza

Além dos mandados de busca e apreensão, Moraes também determinou a quebra dos sigilos bancários e telemáticos dos alvos, além do bloqueio de contas em redes sociais.


Apoio a um golpe de Estado


O que a reportagem do Metrópoles divulgou? A matéria do site mostrou que José Koury, dono do shopping Barra World, no Rio de Janeiro, declarou preferir uma "ruptura" do que o retorno de petistas ao Palácio do Planalto. Segundo o empresário, se o Brasil voltasse a ser governado por uma ditadura militar, o país seguiria recebendo investimentos externos.

"Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo. José Koury, dono do shopping Barra World".

José Koury, dono do Barra World Shopping Imagem: Divulgação


A mensagem de Koury foi uma resposta à discussão iniciada pela postagem de Ivan Wrobel, dono da W3 Engenharia, construtora de imóveis de alto padrão, atuante na zona sul do Rio de Janeiro.


Na sequência, Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, que é médico e dono da empresa de roupas e itens de surfe Mormaii, respondeu às mensagens de Koury:

  • Golpe foi soltar o presidiário

  • Golpe é o "supremo" agir fora da Constituição

  • Golpe é a velha mídia só falar merd*

Afrânio Barreira, dono do Grupo Coco Bambu, defensor do presidente Bolsonaro publicamente, comentou a mensagem de Koury com uma figurinha de um homem dando "joinha".


No mesmo dia, o empresário André Tissot, do Grupo Sierra, empresa que fabrica móveis de luxo, declarou:

  • O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo.

  • [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais.

*Com Carla Araújo, Thaís Augusto e Paulo Roberto Netto, do UOL, em São Paulo e em Brasília.


 

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