Candidato à reeleição obteve mais de 30% de votos válidos na Barra e Pituba
O candidato à presidência Jair Bolsonaro (PL) alcançou quase 35% dos votos válidos, no domingo (02), em bairros como Pituba, Itaigara e Caminho das Árvores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que apontam a existência de redutos bolsonaristas em Salvador, na 1ª e na 13ª Zonas Eleitorais (ZE). Essas foram as únicas áreas em toda a cidade que registraram mais de 30% de apoio ao candidato. Mas, apesar do desempenho, ele foi derrotado em todas as urnas da capital, recebendo, inclusive, menos votos nos bairros considerados mais ricos do que os obtidos no pleito de 2018.
Na 13ª Zona, que compreende a Pituba, Itaigara, Caminho das Árvores, Costa Azul e região, o percentual de apoio a Bolsonaro foi de 34,76%, o maior da cidade. Em seguida, aparecem os eleitores da Barra, Campo Grande, Canela, Graça, Vitória e região, integrantes da 1ª Zona Eleitoral, com 30,78% de apoio ao candidato do PL.
O que os números apontam na estatística pode ser observado também na prática. Muitos eleitores fazem questão de demostrar o voto nos carros, varandas e fachadas dos prédios nessas zonas da cidade. Na Pituba, moradores estenderam bandeiras do Brasil na sacada dos apartamentos, porque apesar de ser um símbolo nacional, a bandeira foi transformada na principal imagem da campanha de Bolsonaro, estampando adesivos ou adereços de seus apoiadores.
A advogada Cíntia* [ela preferiu não dizer o sobrenome] contou que seu pai colocou uma bandeira do Brasil na varanda do apartamento onde a família mora, na Pituba, mas que a mãe dela o convenceu a remover o símbolo depois de uma longa discussão. Ele cedeu, mas não abriu mão de usar a camisa verde e amarela em eventos especiais.
“Quando o assunto é política as pessoas ficam com os nervos à flor da pele, tratam tudo com muita paixão. Temos vizinhos que são petistas e minha mãe achou melhor retirar a bandeira para evitar conflitos. Meu pai não gostou muito da ideia, mas acabou aceitando. Eu votei em Bolsonaro, porque não quero a volta do PT, mas também tenho minhas críticas”.
Na Barra, outro eleitor não teve o mesmo pudor da mãe de Cíntia. Ele fixou na janela do apartamento uma bandeira do Brasil ao lado de uma foto de Jair Bolsonaro. Nos bairros do Caminho das Árvores e Itaigara, as bandeiras se destacam nas fachadas dos prédios e tremulam nas varandas, desde as mais discretas até as que cobrem quase todo o guarda-corpo.
Carros x Urnas
Motoristas compraram suportes para prender a bandeira na porta dos carros. O dono de uma picape fixou um adesivo com a imagem do presidente e o adereço cobre toda a parte traseira do veículo. Porém, as expressões de paixão não se traduziram nas urnas.
O número de votos em apoio ao presidente encolheu se comparado com a eleição de 2018. Naquele ano, ele recebeu 38 mil votos dos moradores dos bairros da 13ª ZE, contra 30 mil, este ano.
Para o professor e cientista político Cláudio André de Souza, a existência de redutos bolsonaristas em Salvador não pode ser considerada surpresa. Ele explica que a condição social e econômica dos moradores influencia na escolha dos candidatos.
“Existem bairros de Salvador que representam segmentos da sociedade que por conta da condição socioeconômica vai de alguma forma se estruturando e intercruzando com essa perspectiva de classe. São bairros que representam uma elite e que passam a ter uma posição de comportamento eleitoral que envolve um enquadramento ideológico”, afirma.
Cláudio André, que é doutor e professor de Ciências Políticas, comentou ainda sobre o crescimento do conservadorismo nas eleições, com mais candidatos de direita e extrema-direita sendo eleitos para os governos dos estados e para o Congresso.
“Isso envolve a ascensão de novas forças sociais conservadoras ligadas à igreja, a grupos específicos que, inclusive, tem se vinculado bastante ao bolsonarismo. Esse conservadorismo religioso chega à política com representação eleitoral”.
Votação em Bolsonaro por Zona Eleitoral em Salvador:
Zona 13 – 34,76% Pituba, Itaigara, Caminho das Árvores, Costa Azul e região;
Zona 01 – 30,78% Barra, Campo Grande, Canela, Graça, Vitória e região;
Zona 10 – 29,09% Alphaville, Imbuí, Boca do Rio até Itapuã;
Zona 12 – 25,73% Aeroporto, Stella Maris e regiões de Itapuã;
Zona 06 – 25,11% Horto Florestal, Engenho Velho da Federação, Brotas, Candeal e Daniel Lisboa;
Zona 09 – 24,97% Bairros da Península Itapagipana, na Cidade Baixa;
Zona 07 – 24,57% Centro, Gamboa, Dois de Julho, Comércio, Nazaré, Dique do Tororó, Sete Portas, Água de Meninos, Vasco da Gama, Barbalho e região;
Zona 19 – 22,95% Fazenda Grande, Novo Marotinho, Boca da Mata e Jardim Nova Esperança;
Zona 02 - 22,58% Nordeste de Amaralina, Vale das Pedrinhas, Santa Cruz e parte do Rio Vermelho;
Zona 17 – 22,47% Alto do Cabrito, São João do Cabrito, Boa Vista do Lobato, Pirajá e Marechal Rondon;
Zona 08 – 22,16% Águas Claras, Cajazeiras, Valéria e Palestina;
Zona 11 – 22,05% Pau da Lima, Castelo Branco, Sete de Abril e Vila Canária;
Zona 04 – 21,96% Paripe, Periperi, Fazenda Coutos, Alto de Coutos, Vista Alegre, Base Naval de Aratu e ilhas;
Zona 15 – 21,69% Periperi, Alto da Terezinha, Escada, Ilha Amarela, Rio Sena, Praia Grande, Itacaranha e parte de Plataforma;
Zona 18 – 21,65% Largo do Tanque, Baixa do Fiscal, Uruguai, Mares e Roma;
Zona 16 – 21,49% São Gonçalo, São Rafael, Tancredo Neves, Arenoso e Doron;
Zona 05 – 21,43% Retiro, Pernambués, Resgate e Saramandaia;
Zona 03 – 20,28% Vila Laura, Cidade Nova, Caixa D’Água, IAPI, Lapinha, Soledade, Pero Vaz e Santa Mônica;
Zona 14 – 20,14% Calabetão, Jardim Santo Inácio, Mata Escura, Sussuarana, Cabula e Engomadeira;
*Fonte: TRE-BA
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