Lula prometeu retomar algumas de suas políticas consideradas bem-sucedidas, como aumento real do salário mínimo acima da inflação - Foto: Ricardo Stuckert
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 77 anos, foi eleito neste domingo (30), em segundo turno, para o seu terceiro mandato como presidente da República. Ele derrotou Jair Bolsonaro (PL), que buscava a reeleição. A vitória foi confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às 19h57min, quando 98,81% das urnas já haviam sido apuradas: àquela altura, Lula tinha 50,83% dos votos válidos e não poderia mais ser alcançado por Bolsonaro, que contabilizava 49,17%.
O petista tem uma longa trajetória na política brasileira, que começou ainda no início da década de 1970. Na época, o País vivia ainda sob ditadura militar e Lula era diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, um dos principais centros industriais do País.
Em 1975, Lula foi eleito presidente de entidade, que representava 100 mil trabalhadores. Três anos depois, em 1978, após ser reeleito para o cargo, passou a liderar as primeiras greves operárias em mais de uma década. Naquele momento, o Brasil vivia um processo de abertura política lenta e gradual.
Em março de 1979, mais de 170 mil metalúrgicos pararam as fábricas no ABC Paulista. No ano seguinte, cerca de 200 mil metalúrgicos cruzaram os braços. A repressão policial ao movimento grevista, que chegou a levar Lula à prisão, fez emergir a liderança popular do então futuro político, que criaria o Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980. Alguns anos depois, também fundaria a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Lula foi, ainda, um dos principais líderes da campanha das “Diretas Já” para a Presidência da República, em 1984 – a iniciativa acabou derrotada por maioria no Congresso Nacional. Em 1986, tornou-se o deputado federal mais votado do País para a Assembleia que elaborou a Constituição Federal de 1988.
Com sua posição de liderança nacional consolidada, foi lançado pelo PT para a disputa da Presidência da República em 1989, após 29 anos sem eleição direta para o cargo. Perdeu a disputa, no segundo turno, para Fernando Collor de Mello, por pequena diferença de votos. Mas dois anos depois o petista estava entre os principais nomes de uma mobilização nacional contra a corrupção e que culminou no impeachment de Collor.
Em 1994 e 1998, Lula voltou a ser candidato ao Palácio do Planalto, sendo derrotado por Fernando Henrique Cardoso nas duas ocasiões. Já em 2002, por meio de aliança inédita até então, o PT aprovou uma coligação que incluía PL, PCdoB, PCB e PMN, lançando Lula novamente a presidente e tendo como vice o senador José Alencar (PL), de Minas Gerais, um dos maiores empresários do País.
No dia 27 de outubro de 2002, em segundo turno, aos 57 anos de idade, Lula obteve quase 53 milhões de votos e se elege pela primeira vez presidente da República. Seu mandato foi marcado pela ampliação de programas sociais e expansão nas áreas de educação e saúde, além de uma política de valorização do salário mínimo.
Uma das principais marcas do seu governo foi a redução da miséria no País. Em 2006, Lula e José Alencar são reeleitos e terminam o mandato, em 2010, com a maior aprovação de um governo da história do Brasil, superior a 80%. Essa popularidade impulsionou a eleição de Dilma Rousseff (PT), que era a principal ministra de Lula, e foi eleita a primeira mulher presidente da história do País.
Lava-Jato
Em 2014, Lula passou a ser alvo de processos por suposta corrupção e foi condenado pelo então juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, onde tramitavam os processos da Operação Lava-Jato. Lula ficou 580 dias preso e foi proibido pela Justiça de disputar as eleições presidenciais de 2018, vencidas por Jair Bolsonaro. Em 2021, julgamentos do STF consideraram que o então juiz Sergio Moro foi parcial no julgamento de Lula, e foi declarada a suspeição do magistrado, no caso do triplex, que foi anulado.
Terceiro mandato
Sem pendências com a Justiça, Lula voltou com força à cena política na corrida pelo terceiro mandato de presidente. Durante a campanha, ele buscou ressaltar o legado das suas gestões anteriores e prometeu retomar algumas de suas políticas consideradas bem-sucedidas, como aumento real do salário mínimo acima da inflação.
Lula também afirmou que vai garantir o pagamento do Auxilio Brasil (ex-Bolsa Família) no valor de R$ 600 por família, com pagamento extra de R$ 150 por criança até 6 anos de idade.
Ele também promete ampliar o programa Minha Casa Minha Vida, de habitação popular, que foi substituído pelo programa Casa Verde Amarela no atual governo.
Outras propostas incluem a recriação do Ministério da Cultura e a criação do Ministério dos Povos Originários, para cuidar das questões indígenas e das populações tradicionais.
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