Ex-ministro da Justiça assumiu a Segurança do DF, mudou cúpula e viajou, conforme mostrou o SBT News
A Polícia Federal cumpriu mandato para realizar operação da residência de Anderson Torres | Valter Campanato/Agência Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão preventiva do ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres. Na tarde desta 3ª feira (10.jan), a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão em sua residência, em Brasília. No final do dia, Torres informou que vai voltar dos Estados Unidos para se apresentar à polícia e cuidar de sua defesa.
O pedido de prisão foi feito pelo novo diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues. Moraes afirma que, no pedido, a PF "aponta as diversas omissões, em tese dolosas, praticadas pelos responsáveis pela segurança pública no Distrito Federal e que contribuíram para a prática dos atos terroristas desse 8 de janeiro de 2023".
Torres é ex-ministro de Justiça do governo Bolsonaro e assumiu a Secretaria e Segurança Pública (SSP-DF) na semana passada - cargo que já havia ocupado. Conforme noticiado, ele mudou a cúpula do órgão e em seguida viajou para os Estados Unidos.
Na sua ausência, no domingo (8.jan), ocorreram os atos golpistas contra as sedes dos Três Poderes. Torres acabou exonerado do cargo e, na sequência, o governo federal decretou intervenção na segurança do DF.
Na noite desta 3ª feira, Torres publicou uma nota em rede social, informando que voltaria dos Estados Unidos para se apresentar à PF.
"Hoje (10/01), recebi notícia de que o Min Alexandre de Moraes do STF determinou minha prisão e autorizou busca em minha residência. Tomei a decisão de interromper minhas férias e retornar ao Brasil. Irei me apresentar à justiça e cuidar da minha defesa", Anderson Torres, ex-secretário de Segurança do DF e ex-ministro da Justiça.
Torres afirma que sempre pautou suas ações "pela ética e pela legalidade". "Acredito na justiça brasileira e na força das instituições. Estou certo de que a verdade prevalecerá."
Prisões
Alexandre de Moraes também pediu a prisão do ex-comandante da Polícia Militar Fábio Augusto Vieira, que estava no posto quando bolsonaristas depredaram as sedes dos Três Poderes. Ele foi exonerado e substituído pelo coronel Klepter Rosa Gonçalves, por ordem do interventor federal na área de segurança do DF, Ricardo Cappelli.
Segundo o ministro do Supremo, "os comportamentos de Anderson Torres e Fábio Vieira são gravíssimos e podem colocar em risco, inclusive, a vida do presidente da República, dos deputados federais e seenadores e dos ministros do Supremo Tribunal Federal".
As decisões do STF foram tomadas após a invasão e destruição dos prédios do Planalto, do Congresso e do STF no último domingo (8.jan). Cerca de 1,5 mil pessoas foram detidas entre o domingo e a última 2ª feira (9.jan), data em que também foi desmontado o acampamento de apoioadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, em frente ao quartel do Exército em Brasília.
As invasões na Praça dos Três Poderes ocorreu no fim da tarde do domingo e resultou em destruição de bens e danos aos prédios públicos e ao patrimônio - entre eles, obras de artes.
"Circunstâncias que somente poderiam ocorrer com a anuência, e até participação efetiva, das autoridades competentes pela segurança pública e inteligência, uma vez que a organização das supostas manifestações era fato notório e sabido, que foi divulgado pela mídia brasileira", escreveu Moraes.
Na decisão, o ministro afirma que "há fortes indícios de que as condutas dos terroristas criminosos só puderam ocorrer mediante participação ou omissão dolosa -- o que será apurado nestes autos -- das autoridades públicas mencionadas".
Interventor
O interventor para a área de segurança no DF, Ricardo Cappelli, disse na manhã desta 3ª feira que a intervenção decretada pelo governo federal foi necessária para retomar a "linha de comando e autoridade sobre as forças de segurança do Distrito Federal".
"Até porque o secretário de Segurança sequer estava no comando. Ele estava fora do Brasil. Ele exonerou boa parte da direção da secretaria, assim que assumiu, no dia, 2 e, logo em seguida, viajou."
O interventor participou da posse do novo diretor-geral da PF, que teve também a presença de Moraes e do ministro da Justiça, Flávio Dino. Cappello disse que a ausência de Torres não "parece razoável". "Não parece coincidência que o que aconteceu no domingo seja obra do acaso. Acho que tem responsabilidades graves e nós vamos apurar todas. Vamos até as últimas consequências para apurar as responsabilidades, que é, sobretudo, do comando, e não da tropa", explicou Cappelli.
Comentarios